É curioso como as pessoas, geralmente, só dão valor a algo quando perdem! Vivíamos em um mundo de correria, cercados de gente concentrada em seus próprios interesses, sem tempo para abraçar os queridos e insensíveis às coisas simples da vida. Até que uma epidemia repentina parou o mundo, impossibilitou os abraços e evidenciou a vulnerabilidade da nossa existência, colocando em cheque os valores que cultivávamos. É o paradoxo do isolamento social!
Empresas e escolas tiveram que fechar as portas, amigos precisaram desmarcar os encontros, famílias foram impedidas de receber e visitar parentes… Entretanto, em um mundo “livre”, onde cada um vivia em sua “bolha” de interesses pessoais, poucos eram os que desfrutavam da liberdade e reais dádivas que a vida nos proporciona.
O isolamento social virou uma realidade
Agora a “bolha” é uma necessidade! Assim, os interesses pessoais foram colocados em segundo plano e as dádivas da vida, até então desprezadas, passaram a ser prioridade. Então, mesmo que as pessoas não queiram, precisam ficar isoladas, fechadas em “seu mundo”, só que dentro de casa!
Consequentemente, seus antigos projetos não podem ser levados adiante, seu desejo de se reaproximar das pessoas não pode ser atendido e aquele estilo de vida egocêntrico deixou de ser interessante neste momento.
Os valores parecem ter mudado, só que também tornou-se extremamente desafiador colocar em prática as ações que “voltamos a dar importância”! A vida se mostrou imprescindível, mas como recuperá-la e aproveitar mais, diante de um vírus tão rápido e destruidor? O contato com as pessoas deixou saudade, mas como revê-las sem o risco de ficar doente?
Em contrapartida, aquilo que buscávamos com veemência para nos sentirmos felizes e completos perderam o sentido. O dinheiro já não traz a felicidade que parecia trazer, pois não tem conseguido comprar vagas nos hospitais em colapso. O carro do ano não impressiona mais as pessoas, porque está todo mundo dentro de casa, preocupado com desenrolar da pandemia. Nem mesmo o cargo almejado na empresa faz diferença, visto que os negócios deixaram de trazer o dinheiro previsto!
As perdas motivaram a valorização da vida
Então, sob o susto das reviravoltas e da realidade das “novas” restrições, as pessoas encontraram tempo para pensar, rever conceitos e se reinventar. Dessa forma, os pais que nunca recebiam visitas começaram a receber ligações dos filhos; os religiosos que não eram frequentes em suas igrejas passaram a acompanhar diversos sermões online; professores e empresários demonstraram real preocupação com a saúde e a vida dos seus subordinados; profissionais diversos se dedicaram ao próximo sem esperar recompensa…
Parece que o isolamento social, dentro do atual contexto da COVID-19, contraditoriamente está aproximando as pessoas! Porque sem a liberdade de ir e vir, sem poder chegar perto das pessoas que abraçamos pouco, sem o glamour das conquistas materiais e sem alguns recursos básicos de sobrevivência, fomos motivados a lutar simplesmente pela vida.
O incômodo tem mobilizado as pessoas; a dor tem realçado o amor; a necessidade tem gerado compaixão, as dificuldades têm aguçado a criatividade e as perdas têm mostrado quais são as coisas realmente importantes nesse mundo.
É hora de construir um novo mundo
Realmente não está sendo fácil passar por tudo isso, mas, lembre-se que, mesmo isolado em casa, você não está sozinho! As pessoas nunca estiveram tão receptivas e tão próximas umas das outras como agora!
Por isso, aproveite esse período de isolamento social para repensar sua vida, usar seu tempo e recursos tecnológicos para conversar com quem você ama, dedicar-se ao planejamento de novos projetos e trazer à tona o melhor que há dentro de você! Porque o resultado disso, ao termino da pandemia, provavelmente será a descoberta de um mundo muito melhor para todos nós!
